Inteligência Artificial começa a enfrentar debate sobre regulamentação

Tecnologia precisa responder aos duros questionamentos sobre seus reflexos mais preocupantes, diz Fei-Fei Li, do Stanford Artificial Intelligence Lab

Tema recorrente no marketing, a Inteligência Artificial acontece por meio de computadores programados para executar tarefas que exigiam inteligência humana. Isso inclui aprendizagem, raciocínio, resolução de problemas, compressão de linguagem, além de perceção e reação a situações ou ambientes. É um ramo tão incrível e quanto amplo, com aplicações diversas em todas as áreas possíveis, como já vimos no festival e experimentamos no nosso dia a dia. Na última edição do SXSW, realizado em março, em Austin, as grandes questões sobre AI giraram em torno do futuro do trabalho, das cidades inteligentes, da biotecnologia e da privacidade dos dados das pessoas.

A melhor maneira de pensar a Inteligência Artificial não é como ferramenta, aplicativo de software ou interface falada. AI representa a próxima era da computação, após a era da tabulação e dos sistemas programáveis.

“Quando se trata de Inteligência Artificial, nós temos muito otimismo e medo equivocados. O verdadeiro futuro da AI ​​não vai necessariamente refletir o que nós vemos em filmes e lemos em livros”, analisou a futurista Amy Webb, do Future Today Institute, em um dos mais disputados painéis do SXSW.

Entre as facetas mais destacadas, estão os Bots, aplicativos de software projetados para automatizar certas tarefas, como programar ou gerenciar solicitações de serviços feitas por pessoas. Em plena evolução, os Bots agora emergiram e conquistam vocabulário amplo para responder às nossas demandas em tom emocional. É humanização da AI.

Real-Time Machine Learning
 

Machine Learning é o sistema de AI que usa algoritmos para analisar grandes conjuntos de dados, a fim de executar ampla gama de tarefas melhor do que nós. Com o tempo, e com o aprendizado, o sistema fica melhor nessas tarefas. Novas pesquisas divulgadas no SXSW deste ano mostraram que a evolução desse tipo de sistema torna possível usar um fluxo contínuo de dados transacionais e ajustar modelos em tempo real.

Isso sinaliza significativa mudança em como os dados se movem e na forma como recuperamos informações. Por exemplo, o Real-Time Marhine Learning torna possível traduzir automaticamente uma fala, mesmo quando vários idiomas são falados simultaneamente.

No campo da saúde, atua no monitoramento de taxas corporais e recomendações preventivas. No varejo, os consumidores podem esperar recomendações ainda mais personalizadas de compras. Pode ser usado ainda para melhorar a classificação e as previsões a partir de números pré-determinados.

Impacto sobre o trabalho

A Inteligência Artificial automatiza uma série de funções profissionais que hoje são executadas por nós. Quem está atualmente no mercado de trabalho, independentemente da idade, será impactado de alguma forma pelo avanço da AI, que altera a lógica de natureza dos empregos. O cenário traz ao mesmo tempo oportunidades e preocupações, e o SXSW compartilhou com a indústria a responsabilidade de capacitar e apoiar seus profissionais na transição para a era da Inteligência Artificial no trabalho.

Segundo o relatório 2018 Emerging Tech Trends, lançado durante o evento, somos a Geração-T (Transition Generation), que faz a ponte entre a era da computação programável para a era da computação cognitiva.

Regulamentação da AI

O tema apareceu em diversos painéis, e foi reforçado na voz do bilionário Elon Musk, para quem essa tecnologia é mais perigosa do que as armas nucleares. “De maneira geral, não sou um grande defensor das regulamentações, mas acho que neste caso é inevitável”, disse o fundador da Tesla e da SpaceX. Ele não está sozinho nessa.

Para Fei-Fei Li, professora de Stanford e diretora do Stanford Artificial Intelligence Lab, criar regras claras para o uso da Inteligência Artificial é uma maneira de garantir que os benefícios se espalhem para além das grandes empresas de tecnologia. Foi pensando nisso que ela criou a ONG AI For All, que adotou a causa da democratização e do uso responsável da Inteligência Artificial.

Professor de Direito na Universidade de Yale, Andrew Burt propôs que o modelo para a regulação do uso da Inteligência Artificial não seja um modelo, e sim vários. “AI não pode ser regulada por um departamento porque a tecnologia tem tantas utilidades e benefícios que qualquer tentativa minaria sua evolução”, disse.

O fato é que, atualmente, os formuladores das políticas regulatórias não estão preparados para lidar com novos desafios que surgem da ciência e das tecnologias emergentes. A tensão entre a privacidade e a segurança aumentarão. Como resultado, provavelmente veremos regulamentos, regras e legislação que são demasiado restritivas ou não reconheçam que a ciência e a tecnologia estão em constante movimento.