Amy Webb: um futuro cada vez mais sintético

É o que prevê a futurista idealizadora do The Future Today Institute, no seu aguardado relatório anual de tendências de tecnologia

Profissionais de todas as indústrias costumam aguardar ansiosamente o lançamento do Tech Trends Report, robusto relatório elaborado pelo The Future Today Institute, liderado pela pesquisadora e futurista Amy Webb. A apresentação aconteceria durante o SXSW, em Austin, mas, com o cancelamento do festival, o conteúdo foi lançado neste domingo, 15 de março, nos canais do próprio instituto. A 13a edição traz 406 tendências, em 30 seções temáticas – todas emolduradas pelo impacto das tecnologias emergentes.

Confira, a seguir, os principais insights do estudo para 2020.

1. Década sintética

A vida se torna cada vez mais sintética. Em breve, estaremos produzindo em escala moléculas “on demand”, que influenciarão expressivamente o desenvolvimento de vacinas e tratamentos médicos. A comida sintética também se tornará cada vez mais mainstream e diversificada. Todas as indústrias serão impactadas pelos riscos e oportunidades trazidos por esse fenômeno. Questões éticas e riscos para a segurança serão desafiadoras para as organizações em busca de aceitação do público, aprovação do governo e apelo comercial.

2. Nuvem de dados residencial

Além das informações já coletadas e processadas pelos dispositivos digitais que usamos em casa, há uma série de outros dados sendo disponibilizados a partir de nossas residências. Essas emissões digitais incluem, por exemplo, a temperatura do seu corpo enquanto se assiste à TV e os sons que a casa faz à noite. São mais dados que podem ser filtrados e analisados ­­– com a devida permissão e transparência.

3. Scores e mais scores

Da sua constituição física aos seus posts em redes sociais, tudo está sendo avaliado, pontuado e usado pelos sistemas automatizados para balizar determinadas decisões. Isso inclui escolhas simples, como o produto ou o preço a ser exibido para determinado consumidor. Mas também influencia determinações muito mais complexas e controversas, incluindo avaliações sobre o risco de segurança que cada pessoa representa em determinada situação. De acordo com o FTI, esse movimento deve se intensificar neste ano.

4. AI como serviço

Amazon, Apple, Facebook, Google, IBM e Microsoft vêm desenvolvendo novos serviços e ferramentas em torno dos conceitos de “AI como serviço” e “Data como serviço”. Em 2020, veremos o lançamento de plataformas low code ou no code que permitem a qualquer pessoa desenvolver aplicativos de negócios usando os dados da empresa.

5. Popularização dos robôs

Em breve, as empresas poderão recorrer à robótica em nuvem para diversos usos. Por meio desse sistema, robôs físicos compartilham dados e operam remotamente em rede.

6. Agricultura na mira das techs

As techs estão se dedicando à agricultura, e esse movimento ganha força neste ano. A Microsoft lançou um programa para modernizar a agricultura por meio de análise de dados. A Amazon vem investindo em fazendas verticais. E o Walmart (considerado varejista e tech pelo FTI) está criando unidades próprias de meatpacking e processamento de laticínios.

7. Complexo tecnológico-militar

Algumas das maiores empresas de AI nos Estados Unidos intensificam parcerias com os militares para alavancar estudos na área e desenvolver novos sistemas. Os países que lideram as pesquisas no setor de AI (como China, EUA, França, Israel, Reino Unido, Rússia e Coréia do Sul) vêm desenvolvendo armamentos com funcionalidades autônomas.

8. Exploração espacial

Esse é um setor que deve se expandir em 2020, com várias missões espaciais já em planejamento, envolvendo tanto robôs como humanos. Estima-se que o valor da indústria espacial (em torno de US$ 330 bilhões) vai dobrar até 2026.

9. Economia da confiança

Diante do avanço da desinformação e do deepfake, um novo ecossistema de confiança está sendo constituído. Isso envolve o uso de algoritmos para detectar conteúdo manipulado e a comercialização de serviços nessa linha. Paralelamente, há esforços no sentido de desenvolver a tecnologia blockchain, com foco em autenticidade e segurança.

10. A nova ordem criada pela China

Apesar de o crescimento da economia chinesa ter desacelerado, o país deve manter uma forte atuação e influência na ordem econômica mundial. Nos últimos dois anos, a China superou os Estados Unidos como o maior exportador do mundo, em todos os continentes, com exceção da América do Norte. Em 2020, o país deve manter seu poder em vários setores ­– incluindo os campos da inteligência artificial, bioengenharia, coleta de dados e scoring.

Acesse o estudo completo: Tech Trends Report.