Startups que transformam a educação

SXSW EDU foi o primeiro dos seis festivais que formam o SXSW, em Austin. Entre os palestrantes, destaque para David Brooks (foto), do Weave

Austin já está pronta para ser a capital da economia criativa pelos próximos 10 dias, quando acontece o SXSW 2019 e suas cinco diferentes trilhas temáticas: Interactive, focado em inovação; Music, com debates sobre a indústria da música e revelação de novas bandas; além de Film, Comedy e Gaming. Até o dia 17 de março, passam pela capital do Texas algumas das mentes mais criativas e inspiradoras do mundo, para discutir temas que vão do Futuro do Trabalho à Realidade Virtual. Mas antes das conferências mais conhecidas, acontece o festival independente SXSW EDU, voltado para os temas que transformam a educação no presente e no futuro. 

Neste ano, o evento começou em plena segunda-feira de carnaval, que no Texas nada lembra a energia e as cores das ruas brasileiras. Com registro da temperatura mais baixa do ano por aqui – 3 graus negativos, no dia 4 – educadores e empreendedores, em sua maioria norte-americanos, debateram e mostraram soluções que prometem impactar métodos e espaços educacionais.

Participante do SXSW EDU 2019: festival revela startups com soluções para uma nova era na educação

Os dois principais temas do ano rondaram em torno da Inteligência Artificial como tecnologia aliada no processo de ensino e aprendizagem e do redesenho da escola e da sala de aula.

Nesse sentido, uma das discussões mais interessantes destacou que as escolas utilizam, ainda hoje, a distribuição de alunos usada antes da primeira guerra mundial. As instituições ditas tradicionais pouco evoluíram na forma integram os estudantes por meio do espaço e mobiliário, e isso se reflete na forma como os cidadãos são formados.

A consultoria independente Cultural Shift apresentou dados sobre a influência dos móveis educacionais – mesas, cadeiras, poltronas e estantes – na interação e no desenvolvimento de estudantes. “A distância física e social exerce um forte impacto sobre o aprendizado, principalmente quando queremos que os alunos trabalhem de forma mais colaborativa”, explicou o pesquisador David Stubbs.

A consultoria mostrou modelos de mobiliários que podem ser combinados de diferentes maneiras e facilmente reorganizados pelos estudantes durante a aula. Trata-se de uma integração harmônica de conforto, ergonomia, usabilidade e interatividade social.

Modelo de espaço educacional desenvolvido pela Cultural Shift: mais interação e colaboração entre estudantes

Esse debate é interessante na medida em que o SXSW lança luz sobre a formação empreendedora de adolescentes e jovens, desde o ensino pré-universitário. Disciplinas relacionadas a gestão financeira, programação e relacionamento interpessoal passariam, na visão do festival, a fazer parte dos currículos de forma lúdica e, ao mesmo tempo, tecnológica. Não por acaso, a feira mostrou diversos robôs capazes de disfarçar uma aula de coding ou de finanças em uma brincadeira de montagem com recompensas.

Mr Robot, fabricado pela empresa PitsCO: robô serve como interface para estudantes aprenderem programação

Esse foi o contexto da apresentação de Robert James, reitor do Instituto Tecnológico de Monterrey, que inseriu um semestre inteiro de empreendedorismo em seus cursos.

Segundo ele, 50% das startups criadas no Semestre Inovação continuam após a universidade. Nesse período, os estudantes são preparados para competências cruciais no mercado de trabalho, tais como:

1 – Avaliar o modelo de negócios
2 – Integrar os recursos necessários para um projeto
3 – Especificar a proposta de valor
4 – Implementar estratégias de aquisição de clientes
5 – Comunicar de forma eficiente para clientes, investidores e equipe de trabalho
6 – Combinar as forças pessoais e profissionais do seu time

Propósito Educacional
Entre os Keynotes deste ano, destaque para David Brooks, fundador do Weave, The Social Fabric Project, iniciativa do Instituto Aspen que opera com a premissa de que a fragmentação social é o problema central do nosso tempo – isolamento, alienação e divisão.

Na disputada apresentação, ele mostrou que, felizmente, pelo menos nos EUA, as pessoas estão reconstruindo comunidades e criando capital social. A Weave procura estimular esse movimento, a fim de reparar disfunções nacionais – identificando e celebrando esses grupos, sintetizando os valores que os movem e ajudando a forjar uma identidade comum. “A cultura muda quando um pequeno grupo de pessoas encontra uma maneira melhor de viver e o resto de nós as copia”, contou Brooks, conectando esses pilares à formação de crianças e jovens.

Além de palestras e debates, o SXSW EDU possui uma feira e uma competição com startups que entregam soluções para uma nova era da educação. Abaixo, mostramos algumas delas:

EDMIT
DATA-DRIVEN EDUCATION

Vencedora da competição do SXSW EDU que elege a startup mais inovadora do festival em 2019, a Edmit ajuda as famílias a tomarem decisões mais inteligentes sobre o dinheiro que será investido no ensino superior. Com o aconselhamento personalizado e orientado por dados da Edmit, os clientes fazem investimentos educacionais que estão ao seu alcance financeiro e os configuram para o sucesso futuro, considerando a carreira que o estudante quer seguir e quanto tempo ele levará para ter retorno sobre o investimento.

AMIRA LEARNING
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA APRENDER A LER

Amira Learning está reinventando a forma como as crianças aprendem a ler, por meio da inteligência artificial. A startup, criada em Las Vegas, é a primeira assistente de leitura inteligente capaz de ouvir os alunos lerem em voz alta, avaliar o domínio automaticamente e oferecer aulas personalizadas. Amira demandou mais de 20 anos de pesquisa até que fosse oficialmente lançada, em abril de 2018. No vídeo abaixo, é possível entender de que forma Amira interage com o professor, avaliando o desempenho dos alunos a partir de dados coletados em testes digitais, por meio da tecnologia de voz.

CARIBU
O FACETIME DA EDUCAÇÃO

Caribu é uma plataforma educacional que permite a qualquer adulto de confiança ler e desenhar com crianças, quando não estão no mesmo local, através de uma videochamada de tela compartilhada interativa. Os fundadores dessa startup baseada em Miami se autointitulam “uma mistura de FaceTime e Kindle” para crianças.

GIIDE
PODCAST MODAL

Trata-se de um aplicativo que leva os ouvintes a experiências de aprendizado multimodal orientadas por áudio. Cada Giide é liderada por especialistas, que orientam o ouvinte em uma série de etapas, para aprender mais sobre um tópico ou habilidade. É muito parecido com um podcast.

DESIGN
NEGÓCIOS E EMPREENDEDORISMO

Já a vencedora da competição Learning by Design, Waukee Innovation & Learning Centre (WILC), baseada em Iowa e projetada pela CannonDesign e INVISION Architecture, junta ao currículo educacional conhecimento sobre empreendedorismo e plano de negócios, tudo sob o mesmo teto. “Com custos crescentes no ensino pós-secundário e uma constante transformação e evolução das oportunidades de emprego, criam-se programas e instalações que introduzem a educação empreendedora mais cedo”, destacou Greg Rosenbaum, general manager do SXSW EDU.

Sede do The Waukee Innovation and Learning Center (WILC), em Iowa: empreendedorismo como disciplina curricular

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Crédito das fotos: Divulgação SXSW EDU