Com a humanidade isolada durante a pandemia de Covid-19, o vídeo se consolidou ainda mais como formato líquido de conteúdo. E nada indica mudança no futuro próximo. Dezenas de painéis do SXSW 2021 abordaram o poder da ferramenta, para os mais diversos negócios, propósitos e momentos: do TikTok, a rede do momento, ao crescimento do live streaming shopping, passando pelos videodates.
Comunidades virtuais tornando o setor de eventos mais democrático e a saúde mental ascendendo como tema prioritário foram outras tendências destacadas pelo festival, assim como indústrias que florescem associadas à tecnologia, caso da sextech.
O evento foi realizado pela primeira vez de forma exclusivamente virtual, entre os dias 16 e 20 de março. A partir da curadoria dos jornalistas e pesquisadores da rede GoAd Media, apontamos tendências e movimentos exponenciados pelo evento, em formato de White Paper e Webinars (que podem ser contratados para apresentações exclusivas).
Na análise a seguir, realizada com oferecimento do UOL e apoio da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), apresentamos os principais insights do festival na trilha temática “Conexão na Desconexão”.
A potência renovada do vídeo
Catapultado pela pandemia, que tornou a “conexão na desconexão” um imperativo e também o resumo de uma época, o vídeo talvez tenha sido o grande protagonista do último ano, marcado por transformações profundas. Ele é o grande responsável pelo sucesso, por exemplo, da rede social da era do coronavírus, o TikTok, que abriu um oceano de possibilidades a anônimos, celebridades, marcas e publishers.
Veículos centenários como o Washington Post (vídeo a seguir) celebram o sucesso de suas iniciativas na plataforma, capaz de tornar temas sérios acessíveis — e interessantes — às novas gerações. Ativista de direitos humanos e “tiktoker” de apenas 17 anos, Jackie “Jax” James lembrou à indústria da mídia que o importante na rede é ser autêntico e oferecer entretenimento às pessoas. “É a combinação para que o público jovem consiga digerir assuntos complexos, como política ou combate ao racismo”, destacou.
O festival também destacou o crescente uso do vídeo no campo amoroso. “O videodating foi uma oportunidade aberta pela Covid-19 que não vai embora. Entre quem já participou de um, 70% gostaram e fariam de novo”, disse o biólogo da evolução Justin Garcia, consultor científico do Match.com, em painel conduzido pela plataforma de relacionamentos.
A escalada da sextech
Uma das indústrias mais promissoras do momento, a de sextech floresceu com a pandemia e deve atingir um mercado de US$ 122 bilhões até 2026. O cenário hoje envolve Realidade Mista (MR), robótica, wearables, devices que se conectam a apps por bluetooth ou WiFi – alinhados a uma sociedade mais amadurecida em relação ao sexo, disposta a discutir prazer, identidade de gênero, assédio, saúde e educação.
O movimento Me Too, a massificação do Tinder e a adoção do sexting ajudaram a retirar a pecha de “tabu” do assunto, enquanto influencers falam de produtos sexuais no Instagram durante lockdowns e estrelas como Gwyneth Paltrow lançam seus próprios vibradores.
Entre as inovações exibidas no SXSW 2021 estão o Gatebox, um holograma que faz companhia, atua como assistente doméstico e como host em eventos; os joysticks Handi, desenhados para pessoas com deficiência; o Vdom, um “smart pênis” controlado por aplicativo; e a Callisto, plataforma digital de combate à violência sexual.
O crescente debate sobre saúde mental
No topo das prioridades atuais, o campo da saúde tem revelado, particularmente, uma crescente preocupação e debate sobre os cuidados mentais. Parece que indivíduos, grandes corporações e governos finalmente entenderam a gravidade do assunto – que pode ser explorado com abordagens segmentadas.
Em 2018, a atriz, produtora e empresária Taraji P. Henson lançou a Fundação Boris Lawrence Henson, que oferece serviços de saúde mental a jovens afro-americanos dos Estados Unidos. O tema também é o foco da série Peace of Mind with Taraji (vídeo a seguir), que ela apresenta no Facebook Watch. Para a atriz, o passado de escravidão torna o trauma enraizado em sua comunidade: “Todos nós precisamos de cura. Fico feliz por saber que meu trabalho tem causado impacto na normalização dos problemas mentais e dos seus tratamentos.”