Jornalismo independente: foco em grupos marginalizados pela mídia tradicional

Iniciativas apresentadas no SXSW 2022 mostram a expansão de projetos voltados para mulheres, indígenas, pessoas pretas e comunidade LGBTQIAP+

Movimentos que vêm provocando reflexões basilares sobre os propósitos e as práticas do jornalismo na sociedade contemporânea foram abordados no SXSW 2022, maior festival de inovação do mundo. O evento chamou a atenção, especialmente, para o gradual crescimento de organizações independentes e de projetos individuais de jornalistas, impulsionados por plataformas emergentes.

Neste ano, o SXSW foi realizado entre os dias 11 e 20 de março. Como sempre, em Austin (Texas, EUA). A GoAd Media fez uma potente e inspiradora curadoria de temas, tendências e cases do festival. Esse conteúdo será apresentado em formato de white paper e palestras in company, que podem ser contratadas sob demanda.

Alargando as fronteiras do conteúdo

Criada em janeiro deste ano, nos Estados Unidos, a Capital B representa bem a tentativa de alargar as fronteiras da cobertura jornalística e atingir audiências que têm sido ignoradas. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos voltada para pessoas pretas.

 “Precisamos de mais diversidade na mídia, e não sentimos que a imprensa mainstream é capaz de suprir essa lacuna”, afirmou Lauren Williams, uma das cofundadoras da Capital B. “Se trata de informar comunidades que precisam daquelas informações e são diretamente impactadas por aquelas histórias”, enfatizou.

A Capital B foi declaradamente inspirada em The 19th*, outra organização dos EUA que busca ser uma fonte de informação para audiências que têm sido mal servidas e mal representadas pela mídia. Os pilares de The 19th* são questões de gênero e política, com foco principal em mulheres e na comunidade LGBTQIAP+.

“As notícias são construídas predominantemente sobre a perspectiva de homens brancos. Se a imprensa não reflete as comunidades que deveria servir, como pode criar qualquer base para confiança?”
Amanda Zamora, cofudadora da The 19th*

Mais autonomia e alcance

O foco em grupos historicamente marginalizados pela indústria midiática também foi defendido pelos fundadores de duas newsletters hospedadas no Substack: Charlotte’s Web Thoughts, da ativista LGBTQIAPN+ Charlotte Clymer, e Indigenous Wire, do jornalista Rob Capriccioso, cidadão da comunidade indígena norte-americana Sault Tribe of Chippewa Indian.

“Tenho um alcance maior do que tive em toda minha carreira, e não posso negar o poder disso. Meu conselho para as pessoas transgênero é: ocupem o máximo de espaços que puderem, onde puderem, porque essa é a única forma de educar as pessoas e combater narrativas que têm sido tão danosas para nós”, disse Clymer.

“Se as questões das pessoas transgênero estivessem sendo devidamente abordadas nas tradicionais organizações midiáticas, eu não teria a plataforma que tenho”
Charlotte Clymer, criadora da Charlotte’s Web Thoughts

Capriccioso destacou, em especial, a autonomia para fazer suas reportagens. “Enfrentei muitos desafios para cobrir questões indígenas, tanto na mídia nativa quanto na imprensa mainstream. Agora, tenho liberdade para abordar esses tópicos de uma maneira que não encontrava em outros espaços”, afirmou.

Uma consideração a se fazer sobre o Substack, no entanto, é o fato de a plataforma não adotar políticas contra desinformação e conteúdos preconceituosos – mesmo quando já temos vários exemplos das graves consequências disso, a partir de outras plataformas e organizações midiáticas.

Tem interesse em contratar e levar a palestra SXSW Insights 2022 para sua empresa? Envia um email para contato@goadmedia.com.br que a gente responde assim que possível com os detalhes.