Evolução das interfaces potencializa áudio e prevê comunicação por ondas cerebrais

Estudo do The Future Today Institute aponta tendências na área, destacando o crescimento da interatividade e da imersão

As interfaces que mediam a relação entre as marcas, as pessoas e as máquinas vêm se tornando cada vez mais sofisticadas. No setor de comunicação e marketing, as tendências nesta área incluem o crescimento das interações em áudio e a otimização da busca por voz – ainda mediadas por smart speakers e wearables. Num futuro não tão próximo, mas já em construção, se prevê a conexão direta entre as pessoas e a inteligência artificial, por meio de projetos como o sensor cerebral Neuralink, com o carimbo visionário de Elon Musk.  

Selecionamos esses e outros insights sobre inovação em interfaces com base na terceira edição do estudo FTI 2020 – Trend Report for Entertainment, Media e Technology, que acaba de ser lançada. Produzido por The Future Institute Today, o robusto relatório apresenta 157 tendências relacionadas a entretenimento, mídia e tecnologia, e pode ser acessado aqui.

SVO é a nova SEO

Em 2020, nos mercados desenvolvidos, metade das interações entre consumidores e computadores será feita por meio da voz. Isso dá uma ideia do poder do áudio para as marcas. E ilustra a importância de as empresas otimizarem seus sistemas de produção de conteúdo e busca via voz. Tanto é preciso formatar as informações adequadamente, como garantir que cheguem às pessoas da melhor forma. O estudo do FTI decreta: a busca por voz (voice search optimization, em inglês) é a nova SEO (search engine optimization).

Entre os projetos para observar neste setor está a startup Audioburst, que indexa e processa informações em áudio, tornando o conteúdo mais fácil de encontrar e também de personalizar. São milhões de minutos, usados para potencializar as experiências de som, utilizando inteligência artificial. Para os publishers, em particular, o Google desenvolveu o Speakable, sistema que ajuda assistentes de voz a adaptar conteúdo escrito para o áudio.

Simbiose homem-máquina

Ainda vamos acompanhar o desenvolvimento e a sofitiscação de assistentes de voz como Alexa e Google Assistant. Mas esses dispositivos vão dar lugar a sistemas que permitirão que as pessoas se comuniquem diretamente com os computadores, por meio dos seus pensamentos.

Há uma grande expectativa nessa área com relação à startup Neuralink (vídeo a seguir), de Elon Musk, que deve começar a testar em pessoas, já no próximo ano, um sensor que é implantado no cérebro e conecta a pessoa à inteligência artificial.

Por um lado, esse tipo de iniciativa promove a acessibilidade. Por outro, traz uma série de novas questões com relação à privacidade, à segurança e à inclusão – potencializando desafios que já vêm sendo enfrentados pelas empresas e devem ganhar nuances ainda mais complexas.

Ainda não se sabe quanto tempo levará, no entanto, para que essas e outras possibilidades se popularizem – como a opção de ir ao hospital e se tornar transhumana, a exemplo da personagem Bethany da incrível série-distopia Years and Years.

Interatividade e “atomização” do conteúdo

Para engajar os clientes na era da abundância e da experiência, as marcas vêm apostando em storytellings e interfaces cada vez mais inovadores e envolventes. Essa tendência deve se manter, com ênfase na personalização, na interatividade e na imersão.

O Walmart é uma das empresas que já vêm investindo nessa tendência, por meio da plataforma de vídeos interativos Eko (que tem o Buzzfeed entre seus parceiros de produção e distribuição). Entre outras vantagens para as marcas, a audiência desse tipo de projeto representa mais dados e mais chances de otimizar a publicidade e o conteúdo personalizado.

Paralelamente, as organizações jornalísticas e de entretenimento precisam se preparar para trabalhar a informação de forma que snippets de conteúdo (blocos de código reutilizável) possam ser agregados e distribuídos por meio de sistemas de voz.

O Google está desenvolvendo um agregador de notícias em áudio, por meio do qual conteúdos de diversas fontes podem ser reunidos e “mixados” de acordo com o interesses (e algoritmos) de cada organização e consumidor. É o que o The Future Today Institute chama de “modern-day mixtape for news”, uma versão contemporânea da mixtape, voltada para notícias.