ESG: marcas falham em estratégica climática

Agenda é tratada de forma marginal nos principais fóruns de inovação e negócios do mundo

Análise originalmente publicada no white paper Marketing Insights 2025

Ao longo de 2024, nossa equipe participou de mais de 12 conferências internacionais focadas em inovação, criatividade e negócios. Em todas, buscamos entender de que forma nossa indústria tem abordado a pauta do clima.

Com tantas emergências afetando a vida de bilhões de pessoas nos quatro cantos do planeta, os efeitos das mudanças climáticas impactam, direta e irrefutavelmente, os rumos da sociedade, da política e da economia.

Apesar disso, o tema é tratado de forma marginal nos principais fóruns que discutem o presente e o futuro dos negócios no contexto das transformações contemporâneas. De forma isolada, a pauta aparece em algumas poucas trilhas temáticas dedicadas à área, mas sem protagonismo nas estratégias corporativas que se revelam nos palcos e nos bastidores da nossa indústria.

Esse cenário revela um sintoma preocupante para um mercado que não poupa esforços para divulgar ações teoricamente alocadas sob a sigla ESG.

Dito isso, a GoAd mapeou três provocações ainda ausentes nos festivais tão frequentados por lideranças da nossa indústria. São questões básicas que deveriam permear com ações concretas os planos de marketing e negócios para 2025:

– As práticas de economia circular são consideradas nas suas cadeias logística e produtiva?

O comércio reverso, ou seja, a comercialização de produtos quase novos que seriam descartados no meio ambiente, pode minimizar os efeitos da produção industrial que mira apenas o lucro sem sustentabilidade, além de estimular o consumo consciente. A reutilização de materiais e a otimização de recursos naturais finitos deveriam ser passos obrigatórios no contexto das mudanças climáticas.

– Sua empresa neutraliza pelo menos parte das emissões de CO2 pelas quais é responsável?

É fundamental ter um plano organizacional estruturado para lidar com os resíduos de atividades humanas e animais (como matéria orgânica e lixo doméstico) e de processos produtivos (como efluentes industriais e gases liberados pela indústria ou por motores). O aumento significativo de resíduos nos seus diferentes estados (sólidos, líquidos e gasosos) e os efeitos indesejáveis no meio ambiente têm elevado o custo de tratamento desses elementos.

– Suas campanhas de marketing estimulam as pessoas a adotarem práticas sustentáveis?

Na comunicação que vai para a rua, é possível estimular a sociedade em torno de práticas de reciclagem de produtos, preservação dos oceanos e descarte adequado de resíduos. A educação é uma ferramenta poderosa para escalar mensagens essenciais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

No atual contexto de urgência climática, essas três provocações não deveriam ser questionamentos, e sim práticas corporativas. Mas, infelizmente, ainda não temos de forma estruturada e sistêmica uma estratégica capaz de minimizar os estragos dos modelos de negócios que, inquestionavelmente, nos trouxeram até aqui.