Descentralização: o que muda com a evolução do metaverso e da Web3

SXSW 2022 destacou que nova era da internet cria formas inéditas de propriedade digital e de engajamento social, além de viabilizar mais controle sobre a privacidade e o compartilhamento de dados

Temas transversais e protagonistas no SXSW 2022, a Web3, o metaverso e os NFTs foram tratados a partir de perspectivas diversas e provocaram reflexões fundamentais sobre as oportunidades e desafios que temos pela frente.

Neste ano, o festival foi realizado entre os dias 11 e 20 de março (na cidade de Austin, EUA). A GoAd Media fez uma curadoria afiada de temas, tendências e cases do festival. Esse conteúdo será apresentado em formato de white paper e palestras in company, que podem ser contratadas sob demanda.

Ler, postar e ter

Com relação ao novo ecossistema digital que está sendo construído, uma das abordagens mais didáticas do SXSW 2022 foi a da consultora Swan Sit, ex-head global de marketing digital da Nike, da Revlon e da Estée Lauder. 

Ela pontuou que metaverso se refere aos ambientes imersivos onde poderemos estar; blockchain, à tecnologia; NFT, ao bem de consumo; e Web3, à rede onde tudo isso acontece. “Se você pisou alguma vez no Second Life ou jogou um game, já esteve no metaverso”, disse Sit.

De modo bem resumido, durante a primeira fase da internet (Web1), o grande diferencial foi a capacidade de descobrir conteúdo, catapultada por motores de busca refinados, como o Google. Era a chamada economia da informação, em que a principal atividade era ler.

Já na Web2, cenário em que nos encontramos, o principal trunfo tem sido a capacidade de conectar as pessoas por meio de plataformas de mídias sociais. A economia das plataformas conjuga ler e postar.

Na nova era da internet, a Web3, que começa a se desenhar, o conceito transformador tem a ver especialmente com a criação de formas inéditas de propriedade digital e de engajamento social, que se tornarão mais transparentes e descentralizadas. A economia dos tokens envolve ler, postar e ter.

“Se você pisou alguma vez no Second Life ou jogou um game, já esteve no metaverso”
Swan Sit, consultora e ex-head global de marketing digital da Nike, da Revlon e da Estée Lauder 

Propriedade e engajamento

As primeiras propostas para o novo processo de propriedade individual (ownership) estão associadas à tokenização de ativos digitais por meio de NFTs (Non-Fungible Tokens), que facilitarão a aquisição de itens virtuais (como arte digital, músicas ou vídeos, por exemplo). 

Já a nova fase do engajamento tem relação com a formação de comunidades fortes, organizadas por meio de votos em sistemas de blockchain, que serão utilizados por Organizações Autônomas Descentralizadas, as DAOs (Decentralized Autonomous Organizations). 

Organizações sem fins lucrativos estão entre as primeiras interessadas no formato das DAOs, por sua capacidade de promover mais transparência e, também, agilidade na tomada de decisões. 

Eficiência e ética

Esses movimentos estão contextualizados em uma fase bem inicial da Web3. Segundo Sandy Carter, VP da Unstoppable Domains, companhia que cria domínios e URLs para blockchains, o que vivemos hoje na Web3 é o equivalente “à era da conexão discada”. 

Tudo está em estágios muito primários, com experiências de usabilidade fracas e tecnologias caras para um uso massificado. Isso tanto representa oportunidades para as empresas (dos mais diversos portes), no sentido de refinar ferramentas e processos, como traz grandes desafios.

Para efetivamente dar certo, a Web3 precisará ter foco na acessibilidade, na transparência e na interoperabilidade, fatores destacados pela futurista Amy Webb, fundadora do Future Today Institute. Caso contrário, poderemos acabar digitalizando e “metaversificando” problemas comuns da vida real, como as costumeiras filas em bancos e em alguns serviços públicos, por exemplo.

No campo da ética, esse é um momento particularmente propício para repensar nossa relação com a tecnologia, a partir de abordagens mais humanas, com foco no respeito, na diversidade e no crescimento coletivo.

“A Web3 precisará ter foco na acessibilidade, na transparência e na interoperabilidade. Caso contrário, poderemos acabar ‘metaversificando’ problemas comuns da vida real”
Amy Webb, fundadora do Future Today Institute

Identidades digitais e privacidade

Os NFTs se popularizaram a partir da comercialização de itens colecionáveis. Mas, para Amy Webb, a grande revolução nessa área está associada à infraestrutura que os NFTs e as blockchains vão oferecer para a criação de identidades digitais. Segundo ela, o uso de carteiras digitais permitirá um maior controle das pessoas sobre seus dados. 

Com isso, ganhará força o conceito de “pseudoanonimidade”, que se refere à possibilidade de um “anonimato parcial” na internet. Nesse caso, forneceremos apenas as informações necessárias para que determinada transação possa acontecer com segurança (como uma compra online, por exemplo). Assim, não precisaremos mais deixar nas mãos de terceiros dados que não sabemos como serão utilizados.

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