MAX: do surrealismo de Quentin Tarantino ao registro brutal de Lynsey Addario

A fonte de inspiração de personalidades do cinema, fotografia, arte e moda foi destaque no segundo dia de conferência realizada pela Adobe

Criatividade não é e nunca será privilégio de profissional de criação. Ainda bem. Neste segundo e penúltimo dia da Adobe MAX, em San Diego, foi o escritor e diretor de cinema Quentin Tarantino quem roubou a cena ao revelar como se inspira para criar e dirigir seus filmes. “Posso ter uma ideia em qualquer lugar que fuja da minha rotina. Sabe aquele papo de papel em branco e caneta na mão? Pode ser num restaurante no Brasil ou de passagem pela Índia”, respondeu à CMO global da Adobe, Ann Lewnes, que assumiu o papel de entrevistadora.

Para Tarantino, o processo criativo está intimamente ligado à memória musical. “Cada roteiro pede um passeio por uma coleção de discos pessoais, armazenada em uma sala projetada para lembrar uma loja de discos. Então, muito do idioma do filme gira em torno de um som ou de uma música. Antes de começar, já estou pensando na trilha sonora. Estou ouvindo uma faixa e já imaginando todos aplaudindo em Cannes”.

tarantino-interna

Sobre o impacto da tecnologia na produção cinematográfica, o diretor diz que as modernas ferramentas de edição permitem que cinema não seja mais “coisa de homens ricos e brancos de Los Angeles”. E analisou: “Óbvio que existe uma diferença entre o que é feito lá e o que é produzido em larga escala, mas vejo a democratização da possibilidade de criar como algo bom, positivo”.

Com a autoridade de quem dirigiu “Pulp Fiction”, “Kill Bill”, “Bastardos Inglórios” e “Django”, Tarantino cravou quando foi questionado sobre o que é sucesso para ele. “A forma como eu determino o sucesso será quando concluir minha carreira e for considerado um dos maiores cineastas que já existiu. Vou mais longe, um grande artista, e não apenas diretor”.

Alguém duvida?

# Inspiração real e factual
Motivação, paixão e uma boa dose de loucura

linsay

Considerada uma das 5 fotógrafas mais influentes deste século pela American Photo Magazine, Lynsey Addario especializou-se em coberturas de guerras e zonas de conflito do Oriente Médio e África. Só que em vez de “especializou-se”, a melhor expressão é “apaixonou-se”.

Ao relatar e ilustrar suas experiências como fotojornalista ao redor do mundo, Lynsey mostrou em tom firme e orgulhoso o poder de suas lentes e das histórias que conta por meio delas. “Nas minhas viagens, eu mergulho na experiência de cada uma das pessoas que vivem em zonas tão destruídas e massacradas. Assim, eu me obrigo a retratá-las em toda sua dor, angústia e necessidade”, disse.

Neste ano, a série The Displaced, do The New York Times, realizada a partir da cobertura de Lynsey sobre a rotina de três crianças refugiadas da Síria, Ucrânia e Sudão, foi um dos destaques do Festival de Criatividade de Cannes. O projeto permitiu que leitores do jornal acompanhassem a jornada das crianças por meio de uma experiência imersiva de realidade virtual.

Ao fechar sua apresentação, que emocionou a plateia da MAX, Lynsey mostrou uma sequência de fotos de si mesma em diversas coberturas. Em uma delas, na Faixa de Gaza, a fotojornalista aparece realizada, aos sete meses de gravidez.

De onde vem a motivação? “Da paixão renovada a cada dia pelo que faço”, finalizou.

# Inspiração fashion e colaborativa
O poder da cocriação e a habilidade de montar bons times

zac

Primeiro estilista a se apresentar numa edição da MAX, o jovem Zac Posen aposta na colaboração do time para criar novas coleções. A inspiração, segundo ele, vem justamente da troca entre as pessoas com opiniões e referências diferentes. Reconhecido em outros países além dos Estados Unidos pela participação como jurado no programa Project Runway, o estilista mostrou, no palco, o “vestido iluminado” criado para a atriz Claire Danes.

# Inspiração vocacional
A capacidade de transformar a jornada pessoal em negócios

janet

O talento emergiu como hobby e, sem nenhuma pretensão, virou um negócio que transforma espaços urbanos e leva pessoas à experimentar a arte. O trabalho da simpática escultura Janet Echelman conta com o design computacional para criar estruturas que se modificam com luz e vento. Ao unir arquitetura, escultura, design urbano, ciência aeronáutica e estudos da natureza, Janet tem levado cor e movimento a diversos espaços do mundo. “Estudar em Harvard e morar numa cabana na Balinésia permitiu que eu moldasse minha arte às demandas reais de cidades ou áreas internas”, explicou.

Na mesma linha, o fotógrafo de aventura Chris Burkard contou como transformou o hobby pela fotografia de paisagens em negócio. Depois de largar o emprego de vendedor numa loja de pranchas para fotografar surfistas na Califórnia e vender as imagens aos próprios por US$ 20 cada uma, Chris começou a explorar lugares inóspitos. “As revistas pediam para eu ir para o México ou a Tailândia. Mas eu procurei lugares gelados, onde poucos surfistas se arriscam por conta do frio e porque as ondas congelam”, revelou.

E já que conselho, pelo menos aqui na MAX, tem sido distribuído de graça, Burkard deixou o seu: “Todo mundo gosta de viajar, mas eu transformei minhas viagens em oportunidades. Hoje eu ganho dinheiro registrando lugares que quase ninguém vê com os próprios olhos, mas toda pessoa, em qualquer lugar do planeta, olha as minhas fotos e pensa: Uau, eu queria estar ali. Pense em como você pode tornar o que gosta de fazer em algo especial para o maior número de pessoas”.

Inspiração pessoal, conteúdo universal!

Seguimos aqui na MAX até esta sexta-feira, 4, com a publicação dos principais insights do evento.

 

Quem somos:

GoAd Media é a primeira rede brasileira colaborativa de conteúdo e conhecimento nas áreas de comunicação e marketing.

Quer saber mais? contato@goadmedia.com.br.