Há dez anos, seria difícil imaginar um designer no board de executivos de uma empresa, decidindo sobre investimentos, contratações e futuro dos negócios. Hoje, difícil é encontrar uma empresa inovadora que não tenha adotado o design como área estratégica. Com a experiência do cliente firmando-se como diferencial competitivo mais poderoso entre as marcas, o design – impulsionado por tecnologia – é o meio para essa experiência ganhar forma, usabilidade e interface.
A partir deste contexto, mais de 12 mil profissionais de criatividade, fotografia, cinema, publicidade e negócios debateram nesta semana, em Las Vegas, os rumos do processo criativo na Adobe MAX, conferência anual realizada pela empresa para revelar novidades em seus produtos de Creative Cloud. No entanto, o evento vai muito além da divulgação de ferramentas e suas atualizações e acaba sendo um termômetro sobre o presente e o futuro da área. Abaixo, enumeramos 4 tendências debatidas e que colocam o design no centro dos negócios:
1 – Design é o meio para melhorar a experiência das pessoas com as marcas
Pare e pense nas empresas que oferecem hoje uma boa experiência aos seus clientes e, certamente, você entenderá que o design é o meio pelo qual essa relação se solidifica. Seja numa compra na Amazon ou na abertura de conta em um banco digital, a interface estética e a usabilidade funcional garantem que o caminho até a conversão seja simples e fluido. “É uma nova perspectiva para a área que acompanha uma mudança do mundo e dos hábitos das pessoas. Não existe empresa que queira encarar a transformação digital sem entender que a experiência dos consumidores passa pelo design”, analisou Brian Lamkin (foto), vice-presidente de Digital Media da Adobe.
2 – Tecnologias exponenciais crescem impulsionadas pelo design
VR, VA e vídeos tridimensionais estão apenas começando a ganhar espaço no processo criativo mas já mostraram todo seu potencial para promover experiências imersivas de conteúdo. No centro dessa transformação está o design, permitindo que as tecnologias se democratizem e ganhem escala por meio de óculos, aplicativos, filmes e ativações que misturam o real e o virtual. “Essas tecnologias se tornam invisíveis porque o design dá forma à experiência das pessoas com elas”, disse Michael Wong, fundador e product designer da empresa japonesa de prototipagem Mizko.
3 – Design – e designers – ganham mais relevância com a Inteligência Artificial
Aqui, o ponto de partida é o seguinte: programas de Inteligência Artificial, na visão da Adobe, não vão substituir o talento criativo humano. Porém, podem dar muita velocidade ao processo de criação, otimizando tempo, investimento e, principalmente, aumentando a importância do design enquanto solução de negócios. Durante a MAX, foram apresentadas atualizações do Adobe Sensei, camada de AI que permeia os produtos de Creative Cloud a partir do aprendizado com as ações dos próprios assinantes. “O Sensei permite que nossas ferramentas e você trabalhem de forma mais eficaz e eficiente em sua tela digital, amplificando a criatividade e a inteligência humanas”, apontou Abhay Parasnis, Chief Technology Officer da Adobe.
4 – O próximo CEO poderá ser o Chief Designer Officer
Empresas nativas digitais como fintechs, seguradoras online e outras tantas que nasceram 100% focadas na experiência digital de seus clientes sabem desde o início que o design senta na cabeceira da mesa. Mas não é mérito delas. Marcas consolidadas e reconhecidas como inovadoras têm design na veia. “Não fosse pela posição estratégica que tenho dentro da companhia, não teríamos experimentado, arriscado e acertado em muitos dos nossos projetos mais bem-sucedidos. O design move nossas estratégias porque é ele que define se nossa ideia maluca pode se tornar real. Por isso, meu cargo tem se tornado tão importante quanto o do CMO ou do CEO”, revelou, na MAX, o Chief Innovation and Designer Officer da Red Bull, Andreas Gall.