Por que São Paulo vai sediar a maior semana de inovação e tecnologia da AL

A ocupação do espaço público com uso de tecnologias transformou a capital paulista no epicentro da vanguarda, um verdadeiro hub de empreendedorismo

Por Bob Wollheim *

Responda rápido: o que seria de sua vida sem a internet?

Há algumas décadas, a rede mundial de computadores não passava de um conceito abstrato visto como uma aposta para o futuro. Atualmente, é parte integrante, direta ou indiretamente, da vida de praticamente qualquer residente de áreas urbanas. A internet transcendeu inclusive sua definição inicial. Ela não integra hoje apenas computadores. Está praticamente no ar que respiramos: sistemas integrados de lojas e bancos, smartphones e até a televisão de nossa sala de estar acessam a rede. Se tornou uma energia que pulsa debaixo de nossos narizes sem que percebamos, criando um vínculo que beira a dependência.

Uma palavra-chave fruto da internet é informação. Com o alastramento do sinal para áreas mais afastadas, camadas e mais camadas da população passaram a acessar os mais diversos conteúdos. A notícia que estava no jornal matutino agora é acessada em tempo real. O programa da TV pode ser visto a qualquer momento de casa, no ônibus ou no trabalho. A pesquisa já não depende de bibliotecas.

Da informação veio o conhecimento. Do conhecimento vieram novas tecnologias. Vieram as redes sociais, o ZapZap. Distâncias foram encurtadas, a comunicação facilitada e a troca de experiência intensificada. Pessoas se uniram. Revoluções sociais ocorreram, sendo a Primavera Árabe e as Jornadas de Junho alguns dos mais significantes frutos dessa nova ordem mundial tecnológica.

O processo é ininterrupto. O ritmo de mudança, frenético. Num cenário de crise econômica, a rede serviu de bote salva-vidas a muitos que perderam o emprego. O empreendedorismo, que já vinha ganhando força, encontrara o seu pico. Hoje, é a bola da vez. Startups se multiplicam quase que por osmose, muitas vezes oriundas da mente de jovens que nasceram com a internet dentro de suas casas, que não querem mais as velhas regras laborais de um mundo que fica cada vez mais para trás.

Tudo isso está acontecendo aqui, agora. Um novo ecossistema está sendo criado, derrubando lobbies e estruturas arcaicas.  No universo tech, esse ecossistema está em ebulição.

Em nosso país, São Paulo vem se mostrando nos últimos anos como um terreno fértil para que todas essas novidades possam prosperar. Universidades públicas e privadas vêm estabelecendo em seus currículos disciplinas de empreendedorismo e inovação. Cursos de graduação em design de games, redes de computadores e outros da área tecnológica prosperam à velocidade da luz.

Somado a isso, temos o fato de que, desde a Lei Cidade Limpa, de meados da década passada, quando outdoors e outros elementos de comunicação visual foram cortados ou reduzidos drasticamente, uma nova ligação com o município foi estabelecida. Atualmente, ciclovias, ruas fechadas para os carros, equipamentos de lazer em praças e outras ações vêm colaborando para que o paulistano redescubra os espaços públicos, muitos deles cobertos com uma rede WiFi gratuita da própria Prefeitura.

A ocupação do espaço público com uso de tecnologias transformou a cidade no epicentro da vanguarda, um verdadeiro hub de inovação e empreendedorismo. Um berço do que virá a seguir.

A realização do São Paulo Tech Week não é mais do que a materialização de tudo o que estava no ar. Pelo segundo ano consecutivo, ao longo de uma semana, mais de 200 atividades gratuitas, entre palestras, competições, workshops e várias outras tomarão conta do município, prometendo atrair cerca de 50 mil pessoas, contam os organizadores. Que coisa bacana!

Esse é um tipo de iniciativa que promete ratificar a já latente vocação paulistana e ditar os rumos da metrópole para os próximos anos. Como um jovem de periferia reagirá ao participar de uma conferência sobre empreendedorismo e inovação ao lado de casa? Ou o que um experiente empreendedor pensará ao conhecer iniciativas como o Google Campus e a realidade do coworking? O que imaginar dos que verão diante de seus olhos invenções conhecidas apenas pela tela de um computador ou smartphone, como drones, inteligência articial, etc.?

A tecnologia mostrou que ditará as regras do futuro. Conhecê-la é fundamental para não ficar parado no tempo. Embarcar nesse bote significa pertencer a um tempo que já começou, mas que está longe de mostrar para onde vai.

*Bob Wollheim é head digital do Grupo ABC, fundador do youPIX, autor do livro Nasce um Empreendedor e embaixador da São Paulo Tech Week