Mixed Reality e a próxima onda do mobile marketing

Realidade aumentada vai dominar a nova geração de smartphones e impactar ainda mais nossa relação com os dispositivos móveis

Na última década, temos visto mudanças cultivadas a partir da relação entre o ser humano e o smartphone. Principalmente nas ruas, eventos e parques, ou seja, no espaço público. Começamos curvados usando o celular como plataforma de navegação nas redes sociais e internet. Depois, esticamos nossos braços na tentativa de gravar os momentos preciosos de um show. No último show do Rolling Stones pelo Brasil, por exemplo, Mick Jagger ficou assustado com a ausência do público, que se esticava todo para filmar o evento, mais preocupado em gravar na memória do celular do que na nossa outra memória.

Chegamos ao momento em que o celular passou a ficar apontado na nossa frente. O selfie passou a ser a prova de que estávamos ali, com nosso amigo ou nosso ídolo, naquele local, naquele dia. Isso sem contar as centenas de vezes que tiramos o nosso “best friend” do período de hibernação para rolar telas e mais telas na tentativa de dar vazão aos grupos de WhatsApp.

Em 2018, vamos colocar o smartphone em outra posição. Ele vai flutuar na nossa frente gerando imagens virtuais quase como mágica. A chamada Mixed Reality, ou Realidade Mixada chegou para valer.

Os sinais são claros. Começa de um jeito divertido. Basta olhar o “rei” da AR, o Snapchat. A novidade agora é a possibilidade de convivermos com exposições de arte em vários locais do mundo. Antes, precisávamos de um imagem-código para destravar o processo da Realidade Aumentada, como um QR code. O Pokemon GO veio e nos apresentou à AR que desperta a partir de um ponto geográfico. E é isso que o Snapchat passou a utilizar para trazer arte nas ruas para as pessoas. Imaginem as centenas de possibilidades que teremos na composição da cidade real com elementos virtuais: indicações de locais, cenários históricos e até serviços públicos. E as pessoas vagando pelas ruas com seus celulares apontando ao esmo.

A Realidade Aumentada vai invadir a próxima geração de smartphones. A Apple acaba de apresentar esta funcionalidade já inserida nos seus próximos aparelhos e sistema operacional . E aí começamos a perceber porque o negócio vai ficar sério. Informações adicionais em jogos, filmes e outros espetáculos ao vivo trarão o conhecimento, já tão digital, de forma ainda mais imediata ao habituado mundo dos Google natives. Bastará apontar para a final do campeonato, e detalhes de cada jogador serão revelados.

Além da Apple, o Facebook já lançou há cerca de 6 meses o ponto de partida de uma nova rede social onde as pessoas interagem por Realidade Aumentada. Em breve, muita gente vai deixar de enviar áudio no WhatsApp, para passar a deixar recados com seu avatar AR. Você poderá escutar apontando para a sua mesa de trabalho e o avatar pula na tua frente para contar sobre o recado.

Este ambiente irá estimular desenvolvedores a produzir aplicações em velocidade exponencial. Elas farão uso desta infra-estrutura de Mixed Reality para trazer interações com a vida real. Imagine um feirão da montadora feito ali, na tua casa, sem você precisar se deslocar até o evento?

E não é apenas nos celulares que a Realidade Mixada vai nos acompanhar na nossa rotina diária. Muito em breve o varejo vai espalhar ambientes interativos, como provadores virtuais e estoque ampliado, naquilo que será a loja do futuro (ou seria presente): mais experiência e menos produto físico. E as marcas de beleza já usam da funcionalidade para que suas clientes possam simular diversos tipos de make.

A interação das pessoas com projeção mapeada também será uma forma de mesclar nossa realidade com elementos virtuais. A Samsung lançou agora o Note 8 na Irlanda transformando a ponte estaiada local, em uma grande harpa interativa. A ilusão estará nos nossos dedos.

O smartphone ainda será o hub central de nossa vida digital durante um bom tempo. E é neste contexto que ele vai mudando de mão, de lugar, de posição. Não se espante se, no próximo ano, alguém apontar o celular a você. Provavelmente não está tirando fotos, mas revelando aquele objeto que só você não vê, apesar de estar ao seu lado. Sejamos todos bem-vindos a este mundo de objetos virtuais.